21.3.11

Dentro do ônibus XI

Estava sentada dentro do ônibus em movimento e verificava minha lista mental de coisas a fazer : jogar na megasena (faço isso há anos), passar no banco e uma consulta médica. Quase tudo feito. No assento da frente estava um rapaz com cabelos cortados bem curtos. Sabe quando o barbeiro passa a máquina  e os cabelos começam a crescer outra vez? Eram assim. Deixei minha lista mental de lado e fiquei olhando, mesmerizada, para aqueles fiozinhos curtos em pé. Senti uma vontade enorme de passar a mão sobre eles. Claro que resisti, mas sempre tive curiosidade em saber qual a sensação de se fazer isso. É quase como minha vontade de tocar um daqueles fios das cercas elétricas, bastaria encostar a ponta de um dedo para comprovar se a descarga é grande mesmo. Ouvi dizer que alguns agricultores as usam para proteger os pomares no Japão, mas há macacos que preferem levar choques a abrir mão das frutas. Se um macaco aguenta, por que eu não aguentaria?

Mas do desejo ao ato, há um longo caminho. Muitos homens resistem a tocar os glúteos femininos que passam pela sua frente, como a maioria deles, contentei-me em utilizar os olhos.

Se o rapaz lesse pensamentos, teria se levantado e descido do ônibus.




4 comentários:

kalina morena disse...

adoooro suas 'viagens' de onibus, Karen.
abraco,
Kalina

Karen disse...

Kalina, quem lê deve pensar que sou doida! rs

kalina morena disse...

doida coisissima nenhuma, mas sim observadora, distraida e ligada ao mesmo tempo. na 'viagem', e seus textos estao ficando cada vez melhores, porque voce tem se deixado mais expressar o que observa e sente. vamos em frente e nao perca o onibus, nao, garota.
abraco
kalina

Karen disse...

Obrigada, Kalina! :)